El arte aparece cuando hay creación de formas por y para el hombre, y el artista es ese creador de formas (Jacques Thuillier). En el caso de esta autora, su trabajo en acrílico, su mezcla pausada y sentida de pátinas cromáticas en que cada una de ellas hay talladas cicatrices, arrugas, arañazos, erosiones, hilos, tableros de unos seres (fantasmas que se significan como tales y que entran en un juego unitario de necesidad interna y contenido expresivo) que entre nieblas y veladuras tienen un sentido vital y formal, emocional y mitológico y hasta clásico. Son casi todo ojos y rostros, los cuales, en una acción de transferencia, pasan a ser los nuestros y nuestra la angustia por percibirlos más allá del encuentro fugaz. Evidentemente, no estamos en presencia de esa conjugación de idea, desecho y vacío, tan exitosa actualmente, sino ante una muestra que incorpora una concepción estilística y un significado que aúna un honesto ejercicio plástico y una formulación vivencial muy nítida y de gran peso.
Gregorio Vigil-Escalera: N.D.ES. Crítico de Arte
Mª da Glória, explosión de vida María nos presenta en Sala Aires una muestra cargada de excelsa emotividad. Colores inusuales pero apropiados a la percepción natural de la realidad plasmada. Toda esta amalgama cromática constituye un camino que se materializa en múltiples escenarios fabulescos que nos guiarán por la senda entre lo real y lo imaginado. Cada obra conforma un paraíso imaginario donde, a través de la reflexión, llegamos a encontrar el verdadero significado de las cosas importantes de la vida. La autora portuguesa, a través de sus “silencios” desnuda su alma frente al espectador, entre proclamas de renaceres y auroras celestiales; entre sueños y danzas de la vida que imploran a un creador su misericordia frente al sufrimiento humano excitado por la indiferencia e ignorancia social. A través de abigarradas pinceladas y texturas, María da Glória nos presenta distintos escenarios de la naturaleza con profunda inclinación hacia una pintura romántica, paisajística y de gran expresividad. Escenarios que nos invitan a reflexionar sobre temas que para ella son fundamentales en el ejercicio personal de conocernos a nosotros mismos. Su obra es una forma de espiritualidad penitente materializada en mensajes de búsqueda, aprendizaje y esperanza. Todas estas sensaciones son fácilmente perceptibles por el espectador, que desde su propia óptica será capaz sin esfuerzo de generar y ordenar los sentimientos encontrados y las percepciones de un mundo cargado de radiante y vital energía. En definitiva, la artista portuguesa nos invita a hurgar en las yagas ya cicatrizadas que evidenciaron la angustia de su pasado, para que una vez vencida esta inquietud, viajar a M a r i a d a G l ó r i a través del túnel de la vida, impregnándonos a su paso de ese halo reflexivo de enjuiciamiento crítico que el espectador percibe, constituyendo esto una parte de ese todo que compone la obra.
Daniel Arenas Rodríguez: Crítico de Arte
Maria Glória Tavares Fernandes é uma artista intensa. Seus trabalhos evidenciam uma busca constante. Sempre apresenta novas formas, novas pinceladas que transmitem, dos abstratos ao figurativo, uma força única. Em suas telas as cores são significativas e puras. Não deixa dúvidas quanto à cor de sua escolha. Azul é azul e amarelo é amarelo. Nem as sombras ferem a pureza da cor, lembrando a técnica de El Greco no que se refere à integridade no uso de cores puras. Glória consegue obter luz e sombra empregando com maior ou menor intensidade os brancos. Isto ao observador deixa uma sensação de pureza e simplicidade. O conjunto de sua obra é intrigante, criativo e leve. Da mesma forma que sua técnica, os seus temas trazem à superfície a alma de uma pesquisadora. É como se em cada nova tela quisesse provocar o olhar e o coração do expectador. Há sempre uma pergunta ou uma provocação no ar, acima de tudo, uma reflexão. Nada em seus quadros comporta-se como acaso. Talento atribuído a poucos. Suas imagens parecem ser frutos de reflexões perante a vida e, acima de tudo, estão carregadas de sentimentos. Isto instiga aqueles que dela se aproximam a querer ver mais, e mais. Maria da Glória é uma artista plástica versátil, mas fiel às suas expressões, seja nas aquareladas cores quase esmaecidas, seja onde a tinta mais densa é necessária para uma presença forte ou uma sensação mais ativa. Suas imagens permeiam emoções que vão da resignação à provação, da calma à angústia da dúvida. É como se, em cada tela, pudéssemos captar uma inquietação sobre a existência. São constantes questionamentos do real e do irreal, do finito e infinito, do próximo e do distante, do natural e do sobrenatural, da vida e da morte, do tangível e do inatingível, do efêmero e do eterno. A artista é, sobretudo, criativa. Suas imagens entre oníricas e simbólicas trazem consigo dor e esperança. É como se contassem uma história de final inimaginável num plano invisível de existência. A representação plástica de Glória parece declarar que no toque meigo de seus personagens, no carinho dos gestos delicados, no acalentar de mãos ditosas, na brandura das cores leves existe fé e esperança, mesmo quando o título, ou a figura evocam traições, decepções e angústias. Nas telas de Glória é possível perceber um constante paradigma que aproximou rosas brancas de gotas vermelhas e que não permite ao apreciador de arte esquecer das suas obras.
Rose Marie Caetano: Artista plástica e crítica de arte